Buenos Aires (VNA) – O site argentino El Tiempo publicou recentemente um artigo do jornalista e acadêmico Gastón Fiorda, que pesquisa o Vietnã há muitos anos, no qual ele elogia o modelo de desenvolvimento econômico do país e sua estratégia diplomática eficaz.

Sob o título “Vietnã: entre o dinamismo econômico e a diplomacia estratégica”, Fiorda enfatizou que o país indochinês está posicionado como uma das economias mais fortes do Sudeste Asiático, com base em um modelo socialista com mecanismos de mercado, sustentado desde as reformas Doi Moi de 1986.

“Desde o fim da Guerra Fria e o colapso do bloco socialista, o Vietnã embarcou em um caminho de integração estratégica na comunidade internacional. Passou do isolamento diplomático para o estabelecimento de relações com 165 países, incluindo os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU”, afirmou.

Ela participou ativamente de plataformas de integração regional, como a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e seus órgãos afiliados (AFTA, ARF, AIA), bem como de fóruns globais como a APEC e a Organização Mundial do Comércio (OMC), consolidando sua proeminência econômica e geopolítica, acrescentou Fiorda.

Com Doi Moi, o Vietnã abandonou a rigidez planejada e a fobia de mercado patrocinada pelo Estado, adotando uma economia mista com a presença de capital privado — e estrangeiro — sob regulamentações oficiais, ele publicou.

Essa abertura foi pensada como uma forma de fortalecer sua soberania econômica, atraindo investimentos e tecnologia, sem abrir mão do controle estratégico do estado sobre setores-chave, como energia e mineração, acrescentou.

A economia vietnamita cresceu 7,09% em 2024, superando as previsões oficiais de 6,5%, com um aumento notável de 14,3% nas exportações (US$ 405,53 bilhões) e investimento estrangeiro direto (IED) de mais de US$ 38 bilhões no ano, classificando-se entre os 15 principais destinos globais para capital estrangeiro.

Só no primeiro trimestre de 2025, recebeu mais de 11 bilhões em IED, um sinal de confiança estrutural em seu modelo de desenvolvimento, enfatizou.

China, Estados Unidos e União Europeia são os principais parceiros comerciais do Vietnã. O volume de comércio entre o Vietnã e a China ultrapassou US$ 205 bilhões no ano passado, enquanto com os Estados Unidos chegou a quase US$ 150 bilhões.

“De uma perspectiva histórica/material, o Partido Comunista do Vietnã defende o Doi Moi como uma manifestação dialética do socialismo vietnamita. A coexistência de elementos de mercado com mecanismos de planejamento centralizado não é concebida como uma contradição intransponível, mas sim como uma forma particular de desenvolvimento socialista”, disse Fiorda.

Essa afirmação adquire relevância ao considerar os efeitos sociais e econômicos positivos produzidos pela abertura ao investimento estrangeiro, a liberalização progressiva do comércio, a descentralização da gestão econômica e o estímulo ao setor privado, comentou.

“A categoria-chave que nos permite entender essa coexistência é a ‘economia de mercado de orientação socialista’; um conceito híbrido que reconhece a funcionalidade de certas ferramentas de mercado para o desenvolvimento produtivo, mas mantém a justiça social, a propriedade coletiva em setores estratégicos e a liderança do Partido como seus fundamentos”, segundo o especialista argentino.

Em última análise, em um mundo em transformação, o Vietnã surge como um exemplo único de estabilidade, crescimento e diplomacia pragmática, disse ele.

Com um Estado presente, mas não onipresente, e uma economia aberta, ele se projeta no futuro como um ator confiável, dinâmico e relevante dentro das nações do Sudeste Asiático, concluiu.